30 letters: Aquele que já amei (ex-amor)

Oi,

Não nos conhecemos da melhor forma, e por completa ironia, isso descreve  nossa relação após os anos. Foi em meio a uma tempestade e estávamos enfiados em uma festa infantil, cheia de garotos de 10 a 14 anos, competindo quem ficaria com o máximo de garotas em uma festa. Demorei quase dois anos para admitir que não passei de um número, e mesmo que hoje já se façam 4 anos e nós criamos uma intimidade considerável, as vezes ainda me pergunto se continuo sendo uma das 30 e poucas que você beijou aquela noite. E sim, eu finalmente sei a resposta. Na época, talvez por ser muito influenciável ou simplesmente tola, eu sequer pensei nessa possibilidade. A música, as pessoas e você, era tudo estranho, e nem mesmo a presença das minhas amigas tornaram essa experiência menos desconfortável. Até que aconteceu, e você sabe, foi da pior forma. A menta que antigamente costumava revirar meu estomago de ansiedade, hoje é a causa da ânsia que me invade nos intervalos dos nossos beijos.

Eu não sei o que tem em você, não sei que merda você exala que traz de volta a menina de 12 anos toda vez que sinto seu cheiro ou simplesmente recebo uma mensagem tua -e a maioria delas são carregadas de sarcasmo e frieza. Já se fazem 4 anos e estamos próximo do quinto, e até hoje me sinto acorrentada a você.

Três anos, finalmente pensei que havia te esquecido, sequer havia rastro de memórias tuas em mim. Não me recordava mais do seu cheiro nem da forma estúpida que você sorria. Não via mais seu rosto nas outras pessoas e nem me esforçava em virar o pescoço na esperança de te ver em algum lugar. Por que você resolveu voltar? Recebi tua mensagem minutos depois de ter terminado com outro garoto, e hoje em dia sinto que isso foi de propósito.
A dúvida de como minha vida teria sido se eu tivesse voltado com ele ao invés de ter passado a noite inteira te procurando latejava na minha cabeça, e sinto medo só de imaginar o quão boa ela teria sido sem você.

Eu queria não conseguir admitir, queria que minha cabeça voltasse a ser tão infantil ao ponto de te imaginar naquele conto de fadas de quatro anos atrás. Talvez aquele beco escuro não fosse tão ruim e assustador assim, talvez as palavras que saíram da sua boca não fossem tão secas e monótomas como um "Oi, vamos logo", e talvez, o melhor de tudo seria não ter que lidar com a sua cara de tédio a cada frase que eu dizia.

Sou orgulhosa demais pra admitir o quanto isso dói, até hoje, depois de 4 longos anos, ainda dói pensar em ti, pensar na merda do teu beijo que foi o melhor que já tive o prazer de experimentar.

Não te culpo por nunca ter sido recíproco, te culpo por simplesmente ser você, e mais ainda, me culpo por ter permitido que você entrasse dentro da minha cabeça e quebrasse tudo que eu construí durante esses anos.

É isso.

Isabela.

5 comentários:

  1. Posso falar o quanto eu senti saudades da sua escrita? Você não tem noção do quanto eu vim aqui no seu blog, vim aqui para comentar e para ver se você estava pelo menos respondendo os comentário. Peço desculpas pelo meu sumiço no tumblr, eu já te respondi lá e estou bem curiosa para saber o que tem para me pedir e para me contar, estou esperando sua responta senhora Isabela.

    Primeiro, eu adoro o que você escreve e dessa vez não foi nem um pouco diferente. Eu estou lendo pela segunda vez para comentar, da primeira vez eu li e me apaixonei com essa história e agora não é diferente. Eu meio que interpretei como primeiro beijo, como frio na barriga, crianças que vão na onda das amigas (no meu primeiro beijo, eu fui muito influenciada, eu não queria, mas aconteceu e não foi muito bom).

    Acho que tem alguém meio apaixonada nessa história, eu entendo como é essa necessidade de querer ta perto, de querer ficar juntos. Isso é algo que eu sinto por uma pessoa que não vem ao caso nesse momento. Me diz uma coisa, essa pessoa sabe desses sentimentos?

    "Três anos anos", você repetiu sem querer ou foi proposital? Não mude, deu um tom de mais tempo e eu adorei. E você me descreveu mais uma vez, sempre que eu acabo esquecendo daquela certa pessoa, ela resolve voltar, resolve voltar para aquele mesmo lugar, sem pedir desculpas ou licença para ocupar mais uma vez aquele mesmo lugar! Meio constrangedor escrever isso, pois tudo que eu mais queria era que ele voltasse, sinto falta mas ao mesmo tempo sinto medo dele ir embora e me deixar.

    O final foi fascinante, acho que o fato de não ser reciproco não é um problema, acho que tu não teve culpa de gostar, ninguém tem culpa de gostar ou de sentir coisas, entende isso? Você é maravilhosa Isabela e eu adoro completamente tudo em você, continue escrevendo e não desista da gente!
    http://m-onologo.blogspot.com/

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  2. Oi, Isa, meu docinho! Desculpe a demora, fiquei surpresa ao ver agora na minha barra lateral que havia postagem nova desse blog tão maravilhoso! Bem que você me disse que iria voltar em dezembro (♡) Senti tanta falta sua, você não faz ideia, e dos seus textos que me tiram o fôlego e que são muito verdadeiros.

    Primeiramente, sobre o layout: está um amorzinho, combinou bastante com o seu blog. Vi que foi a Ana quem fez, então já deixo meus parabéns a ela aqui. Eu AMO Bouguereau, recentemente montei um quebra-cabeça de uma de suas pinturas de anjinhos [ x ].

    Essa carta lembrou-me muito o meu primeiro amor, Isa, (o F. [ x ] a quem fiz uma carta) e dói tanto, dói tanto saber que eu nunca o superei... De vez em quando me pego pensando nele e me bate um vazio, uma dor inexplicável, aquela dor de primeiro amor. Então sim, eu entendo perfeitamente os sentimentos desta carta.

    "Já se fazem 4 anos e estamos próximo do quinto, e até hoje me sinto acorrentada a você". Acho que vou escrever isso isso em um post-it, colar na minha testa e chamar ele para sair, o que você acha? Péssima ideia, Isadora. ☹

    Até mais, Isa! ❀

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  3. Ei, Isa! Que bom que está de volta, estava sentindo falta de ler seus textos ♡. Entendo bem o que você sente, estou passando por uma fase de desapego mas é difícil (principalmente quando a pessoa em questão mora bem ao lado). Ah, adorei o layout novo! Beijos ♡.

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  4. Me lembro bem o quanto sofri pela primeira pessoa que gostei de verdade na vida. Inclusive precisei chorar por ela para conseguir superar de vez, o sufoco já estava me matando e foi aliviante. Sou meio durona pra essas coisas (ou tento ser) e me senti um lixo por estar derramando lágrimas por alguém, mas no final foi isso que acabou me ajudando a resolver o problema. Então, não tenhamos vergonha de chorar...

    Hoje em dia sinto que criei uma barreira anti-relacionamentos amorosos por medo de me traumatizar novamente. Ou então eu me descobri mais feliz assim, na minha. Não tenho certeza, mas no momento estou de boa com a vida e vou deixar tudo nas mãos do tempo. (:

    Espero que você consiga esquecer essa pessoa que parece te fazer tanto mal e se libertar. Acredito que coisas melhores estão por vir, tem um novo ano começando!

    Acho que nunca comentei aqui antes, mas amei seu blog <3
    :*

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  5. Olá, já começo a falar o quanto que eu me identifiquei com esse texto, não é?
    Esse texto simplesmente descreve tudo o que sinto no momento. Teve essa garota que eu me apaixonei, ela foi a primeira menina de quem que gostei e já faz quase um ano que nos conhecemos e desde esse primeiro momento eu senti atraída por ela, eu só não entendia bem. Uns meses depois percebi que eu gostava dela, contei para ela, mas não era reciproco, continuamos amigas, mas não era a mesma coisa, nossa relação parou de se desenvolver e ela se afastou. Hoje, mesmo já não gostando dela como antes, eu ainda sinto alguma coisa que não consigo definir, fico constantemente nervosa em sua presença, com o coração acelerado. Eu sempre estou pensando eu como seria maravilhoso ter algo com ela, pensa numa pessoa que é tão igual a você? Mas sempre que eu tento iniciar algo, querendo amizade mesmo, eu sinto que ela ergue uma barreira entre nós. Me dói muito, mas eu tenho que aprender que ela simplesmente não quer nada comigo, nem amizade, nem nada.
    Enfim, bom texto, não sei se é fictício ou não. Você é uma ótima escritora e eu quero ler muitos outros textos seus.
    o último ato

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